domingo, abril 20, 2008

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Estou com o estômago embrulhado, chorei um tanto, me deu um impeto de contar tudo, e passei por cima dos diversos temas guardados na gaveta. Quando comecei o blog achei que historias de vida se esgotariam em um mês, mas cada vez cavo mais, e tudo tem significado. Pra explicar melhor, vou seguir a ordem cronológica. Previously on LOST.

Não sei quando fiquei tímido. Desde que me lembro, pensava com a cabeça do bem, do capitão planeta, do cavalo de fogo, de que o certo valia um sorriso =) e o mundo ficaria bem. Já estava lá, aquela mania de olhar pessoas e entendê-las como se tivesse que pensar numa solução para todas. E como um espião capturado, os objetos de maior interesse, com os quais gastava maior tempo, me causavam medo, de ser descoberto, de ter que admitir que o eu não me basta. Com meninas muito pior, não cresci com nenhuma, dois irmãos muitos amigos com comandos em ação e um mundo a descobrir. Paixões ansiosas na TV, seria a maria joaquina a culpada afinal?

A primeira que me lembro é a Juliana, um sardenta da pré-escola(5 anos?), e ja não conseguia nem olhar pra ela sem ficar com vergonha, tanto que nem recordo nada além disso. Até os nove, morri de medo da Isabela, Fernanda, da irmã do Ícaro que nem lembro o nome. Era "gostar" que falava. A sensação de gostar de cada uma ainda lembro, frio na barriga com sabor de loira morena, india. Em SJ a mudança do prédio e escola novos, deram uma overdose de janelas a olhar, e queria me enterrar num buraco. Um ano depois (95, 9-10anos), quando senti que baixaram a guarda, ja pesquisava o terreno. Lembro q foi de repente, no início da quinta série constatei aquela sensação. Lembro de virar pra esquerda e olhar pro fundo da sala, e lá estava a menina q me trouxe pro futuro, a Catarina Alvinho.

Via meus amigos gostando de meninas e, como se acompanhando um jogo de futebol, vibrava quando não gostavam dela. Ou quando gostavam e ela empurrava pra outra amiga, nem expliquei o que estava havendo ao meu amigo andré, e como um pinball foi na outra. No flash seguinte a professora de Geo disse: trabalho em grupos de quatro. Levantei antes de perceber o que fazia, agarrei meu gordo amigo pelo braço e fomos até a mesa dela e da amiga escudo, eu disse: -Podemos fazer com vocês? -- Ha, nem sei como, talvez porque minha escola de pinda era adiantada e eu tinha belas notas, só sei que aceitaram com um sorriso. E foi uma das tardes mais marcantes pra minha vida, nós quatro na casa da escudo, de repente filosofando sobre Deus e universo, como qualquer bom 10-anista, olhando para o céu e tomando suco de uva. E viramos bons amigos, até hoje. Mas tinha esquecido da minha tarefa, ter medo. E quando vi, mesmo tão próximo, o medo vinha de dentes na minha garganta quando pensava em dizer o "gosto de voce", muito mais intenso e afiado pelo carinho afetivo. Não tinha plano ou controle algum da situação e das consequências, caminhei em paz tão perto e longe, sem saber a tristeza que eu não merecia. E assim passaram 8 anos, ginasio, colégio, cursinho. Mesmo sem estudar com ela, suspirava quando via que minha melhor amiga da juventude, que conhecia cada traquejo da minha respiração, não me daria um suspiro, nem sabia que devia. Tinha impressão de que seria eu e Deus até o fim, como poderia ser diferente?

Quieto, sonhador, invejoso, excêntrico, no cursinho ninguém saberia de mim não fosse um nome ao lado da nota mais alta de um tal simulado: Vitor Israel. Quem é esse? Perguntaram se eu era o tal, após 2 meses de aula, sim sim. E foi estranho gente que não conhecia olhar e perguntar, comecei a me sentir, mesmo que falsamente, e surgiu uma nova parte da minha personalidade atual, narutesca. Voltei a "gostar" das meninas, primeiro uma gatinha, que jaja será mamãe, depois uma mineira de voz rouquinha que me olhava sem medo, com um interesse diferente. Mas a carga necessária pra virar homem veio com a facul, quando passaram a olhar e me parabenizar onde quer que eu fosse, um avalanche de perguntas de quem sou eu e tinha obtido êxito. Isso malhou meu medinho de porrada de tal forma que eu não sentia mais tanta cautela de pensar os outros e isso seria até importante para minha profissão.

Voltando a São José de alguns meses no espaço, falei com a mineirinha, mas ela estava namorando. Devia ser "mas", porém meu ego continuou conversando e surgiu um cinema. Tudo bem, esse flashback é inédito: tremi o filme todo e dei meu primeiro beijo durante os créditos do Clan das Adagas Voadoras, sim, com dezenove anos, data muito bem escondida e ridicularizada por mim mesmo, nem mesmo a mineirinha fazia idéia, já que sou um talento nato para o cola-beiço (ha huau). Ela só comentou minha avidez pela situação, mal sabia do volume da abstinência. Ela disse que terminaria se eu não a abandonasse e corri cantando pneus. Sim o novo medo do compromisso veio juntinho!

A partir daí, meio que abriu a torneira, a evolução foi exponencial, mesmo com minha personalidade congênita fui chegando e olhando e trazendo pra mim a felicidade que me cabia. Não que isso seja menos ridículo: perdi minha virgindade um mês depois com minha vizinha que pegava 3 caras por minuto, sim eu coube no minuto, pode zoar! Propus namoro a uma menina que ainda tem todas as opiniões diferentes das minhas e é totalmente maluca. Beijei uma pancada de bêbadas e dormi com mais 5 meninas que me deixaram desanimado por: má higiene pessoal; falta de assunto; psicose; fumo; desinteresse; se parecerem demais com a Catarina; feiúra (com licença ms Hypocrisy); inteligência moderada; violência e etc. Fato é que nessa carreira toda não tinha realmente sentido o thrill da Alvinho. Cada experiência foi recheada de diversão e aprendizado, mas sempre estive na defensiva, no controle de mim mesmo e da importância da situação. Achei que estava evoluindo para estar pronto para o real fight. Mas nada disso.

Na semana mais feliz dos ultimos anos, saí com uma amiga, Leila, que há meses achei bonita, depois só legal, depois muito legal, depois os dois. Não achei que era pra mim, muitos fans no orkut e na vida, inteligente e nunca baixa a bola, seria claro, outra Catarina e não queria chegar nesse ponto infeliz novamente. Blasései o quanto pude mas a cada brecha dava aquela coceirinha. Até que um encontro foi marcado. Tremendo frio na barriga e planejamento nunca visto, a teoria encontrando a ação, carreer-threatening match, vai busão. Bom, Ótimo, N sei, Sorriso, Cara séria, em cada piscar de olhos eu tentava tatear o que estava acontecendo, não consegui ser eu mesmo nervoso, naquele pico de telhado que equilibra entre "não ligo não deu" com "pode dar certo, meu deus". Dois encontros, dois finais de dia sem saber se tinha sido bom nem o grau de ironia em tudo que foi dito. Nesta última vez, esta insegurança abriu a guarda para um superkick do medo e lembrei de toda a vida. E pensei que se tivesse dado certo antes seria uma vida totalmente diferente, e o quanto esta oportunidade pode me mudar pra sempre. Sem resposta doeu a barriga e chorei. Está tudo bem mas continuo perdido, sem saber quem manda nesta bendita ilha. É, doctor nerd, tem que mostrar a que veio ao mundo, e enquanto esse bonitão do Sawyer se dá bem, a gente procura nossa Freckles.

9 comentários:

Anônimo disse...

Pronto, prestigiei seu texto, Vitor Sawyer Israel.

Um abraço e um Tombstone Piledriver pra vc.

Anônimo disse...

LINDO, TESÃO, BONITO E GOSTOSÃO!

Anônimo disse...

Eu já peguei. Sou a que ficou devendo na higiene pessoal.

Murilo disse...

Seu manjado...
Depois eu converso com você, e te conto sobre o meu ponto.
By the Way, pelo post vc não ´w Sawyer, como disse Peter. Abraço grande, Rael Shephard.

Anônimo disse...

peguei também.
sou a menina desinteressante

Mariana Duque disse...

"E pensei que se tivesse dado certo antes seria uma vida totalmente diferente, e o quanto esta oportunidade pode me mudar pra sempre."

Independente dos acontecimentos do último episódio – o qual ainda não baixei o torrent nem li spoilers, eu acho que já tá mudando, meu querido. Já te disse isso várias vezes. E lendo essa recapitulação the best so far, só dá mais vontade de fazer oún-e-apertar-bochechas.

Só acho que nem só admiração/idealização/"ela(e) é foda demais, eu não a(o) mereço" de Jack e Kate, nem somente identificação do pensa como eu/matou como eu/foge de sentimentos e de intimidade como eu/química foda de Sawyer e Freckles. Minha busca pelo menos, é qualquer coisa aí no meio...

De resto, é meio inevitável aquele medinho fdp de others, de gente vindo de helicóptero, de fumaças bizarras que surgem, e de pessoinhas que mexem tanto quanto com a gente. Além do que, no fim, se eu entrei paraplégico e de alguma forma saí andando e brincando de Tarzan, será que realmente é tão fundamental eu saber quem diabos manda nessa maldita ilha?
=*

Anônimo disse...

What'll you do when you get lonely
And nobody's waiting by your side?
You've been running and hiding much too long
You know it's just your foolish pride

Layla, you've got me on my knees
Layla, I'm begging, darling please
Layla, darling won't you ease my worried mind

Anônimo disse...

tudo que você passou fez você ser esse aí, tudo isso que eu tenho orgulho de dizer que gosto e de abraçar. você se arrepende de alguma coisa?
ás vezes eu pensei em me arrepender, mas sempre fico com uma pulga falando que é um pouco injusto da minha parte, e prefiro agradecer pelas coisas serem como são agora.
grande pulga, deve ser foda como o sr. myouga

Guilherme "Guil" Cardozo disse...

Muito boa a referência com Lost =]
Já passei/passo por situações semelhantes, que fazem eu me odiar as vezes... Foda.. mas eu parei de esperar as coisas acontecerem e tomei as rédeas da situação, por mais que as em alguns momentos ainda perdura a timidez e a bunda-molice.

Grande beijo Rael

ps. À proprósito, gosto do Jack. Tá no meu top 5 de personagens favoritos