sábado, maio 19, 2007

Frescura é sentar no frutilly

Milhares de anos de misticismo, tentativa e erro primordial, muitas vezes sem saber que se errava. Tudo isso ficou para tras. A medicina virou ciência, mediu e fotografou as próprias células e sistemas. Testamos novos tratamentos com a maior cautela estatística, para descartar as benfeitorias do acaso. Tudo leva a crer que a prática clínica estaria toda mapeada, ja que as unidades de funcionamento são conhecidas. Mas, claro, longe disso.
Apesar de grandes problemas da saúde humana ja terem sido solucionados, grande parte ainda não tem explicação exata, apenas tratamento. A dificuldade está na dinâmica dos processos, que não podem ser vistos ao microscópios, apenas verificados após hipóteses brilhantes. Um dos grandes eventos sem explicação na atualidade é a somatização. Quando um paciente hígido, afetado por nervosismo ou ansiedade, começa a sentir dores e outros sintomas sem causa biológica aparente, muitos se esquecem das bases científicas de suas formações e menosprezam tais pacientes, argumentando discretamente que se trata de simples "piti".
Ora, se a visão humanística traz benfícios à pratica médica, este caso certamente não se inclui. Diminuir a importância de um sintoma pelo simples desconhecimento de causa nos remete novamente ao antigo misticismo e falsa eficiência do ato médico. A somatização não é obra espiritual nem fingimento, é um processo patológico que provavelmente, em tempo, será devidamente estudado juntamente com outros mistérios da mente, como o poder curativo da fé.
Resta aos assistentes em atividade procurar com responsabilidade a solução do quadro, mesmo que sem explicação causal. Para isso, medicamentos contra ansiedade ou até mesmo uma anamnese com caráter humanístico se mostram bastante eficientes, portanto não podem ser descartados. Assim, mesmo com o atraso científico, a função médica se vê cumprida, o que é o mais importante.
Da hora vai ser qdo o corpo for tão destrinchado que a idéia de não tratar como uma máquina a ser consertada não servirá de nada, pois os próprios aspectos psicológico e humanisticos serão variáveis sob controle para a melhora do paciente. Daí virão grandes questões éticas de individualidade.. mas tamos aí pra discutir né. Uma vez q a ciência e a "bondade" se interrelacionem explicitamente para os mesmos fins, espero não precisar mais ficar argumentando com homeopatas teimosas por aí. Bebamos ao futuro, saúde!