domingo, junho 13, 2010

Olho no lance..vendido!

Começou a copa, vi 5 jogos inteiros em 2 dias. É sempre um momento especial pra mim, o único na verdade em que paro para acompanhar esportes, além das finais do são paulo. Eu achava que era um evento mais puro, com menos interesses comerciais que os torneios de clubes. Mas vendo a carga publicitária que foi veiculada em qualquer midia nos ultimo meses, vejo que fui inocente.
Eu tenho um receio muito grande com esportes. Começou quando pequeno, ao sentir o desespero das competiçoes de natação e de judô sem nem saber pra onde eu estava indo na vida, comecei aos 6, 7 anos! Desde então, com aulas de História mostrando que o pão e circo romano ainda estava a pleno vapor, com amigos e parentes falando exclusivamente disso em reuniões, com um irmão dedicando horas diárias a ler dezenas de blogs de comentaristas esportivos, fui pegando uma nhaca real da coisa toda..menos da copa.
O futebol de clubes só fala de salarios, compra e venda de jogadores, estica os campeonatos pra arrastar milhões aos estadios durante o ano todo, faz os fãs comprarem camisa pra mostrar a força do time, além da publicidade para emissoras, estadios, uniformes. All about money, e o povo compra, discute e rediscute na maior profundidade uma coisa que é igual todo ano.
Eu pensava que a copa era mais tranquila, pois nao havia negociaçao de jogadores, salarios discrepantes, unia o país. Mais aí que está. Ao unir cada país em seu territorio, obtem-se uma unanimidade mundial de ânimos, e então basta adquirir o titulo de patrocinador oficial para fazer uma campanha publicitaria monstruosa, mundial, sem birra por parte de ninguém. E daí nos países tem os patrocinadores de seleção, que dão mais força ainda à magia pois vinculam a paixão do torcedor à marca do produto. Isto não pode ser feito nos clubes, pelo menos no brasil, pois os campeonatos sao razoavelmente equilibrados e geraria mais birra do que simpatia por um produto se associado a um time.. Eles estampam a camisa, mas não fazem alarde do vínculo. O mais perigoso que vi recentemente foi a Bozzano (marca de cosmeticos masculinos) que patrocinava o corinthians e fazia propaganda da marca nos intervalos de jogo, como se a torcida corinthiana fosse realmente seu alvo, seu nicho. Me confundiu a estratégia deles, quando nas etapas finais do paulista passaram a estampar a camisa do São Paulo..não consegui entender a quem se dirigiam.. Mas a publicidade tem isso de espalhar o nome, nao importa o efeito.. pelo menos ficou gravado na minha cabeça o fabuloso slogan: "Bozzano, é bom!"
Bom, acho complicado ficar repudiando a publicidade que sustenta o sistema, acho menos hipocrita te aconselhar a repudiar o próprio sistema, pois o povo trabalhador(mesmo de terno) é ignorante e não tem tempo de levar a culpa. Vamos sorrir, acenar, e mudar o sistema no 2o tempo. Raça Mundo!
*Ah, que fique claro que apoio ferozmente a pratica de esportes para fins recreacionais e de saúde. O veneno está na competição e na grana, divindades tipicas capitalistas, aliás.

sexta-feira, junho 11, 2010

Nós que aqui estamos

Após mais uma tentativa de ler só material politico, me peguei lendo uma aventura de ficção nestas férias (A Estilha de Cristal). Ao começar tinha já o remorso de não estar consumindo nada util, nada que construisse minha argumentação para um mundo melhor. Foi uma aventura fantástica, com muito "near death experience" e sangue rolando. A narrativa é tão absorvente que o leitor se sente realmente a beira do fim em mais de uma ocasião. Tendo você escapado, milhares de companheiros não tiveram a mesma sorte, e tombaram, como diria o autor. Isso me fez colocar em perspectiva mais uma vez a fragalidade que é nossa vida, como tentamos fugir dessa realidade a todo custo, e como fazemos isso errado.
Morre-se facinho. Não se pode esquecer que mesmo com todas as politicas publicas de saúde, com repressão à violencia, airbags, antibioticos ou SAMU, mesmo com toda essa máquina de preservação, a vida se vai sem aviso. Ja vi vizinho que morreu de meningite em 1 dia, professor com cancer em meses. O noticiário (pare de assistí-los) sempre lembra: morreram tantos sem mais nem menos. Mas não queremos pensar nisso. Qualquer filme de drama nos assombra com ameaças de morte, é terrivel.
Acho que a opinião geral oscila entre não querer lidar com isso, seguindo as demais necessidades da vida (fome, contas a pagar), e lembrar da morte, momento apos o qual se passa algumas horas acreditando no Carpe Diem. De uma forma ou de outra, se fingindo de imortal ou desesperado, cada pessoa se individualiza, valorizando sua própria existência como se fosse tudo que lhe interessasse. Isso sim é muito triste. Pois ao erguer uma barreira entre sua vida e o mundo, se perde o mundo.
Ateu ou misticista, você deve perceber que tudo que fazemos e sabemos é graças à coletividade, intelectual e de ação, e que após nossa morte é este coletivo que permanece. Então que sentido há em lutar contra o fim por meio da individualidade, se esta ja o tem por certo? Não, para o resto do mundo não faz qualquer diferença se você aproveitou ou não o dia. Só sobrevive o que você deixa nos outros, constrói para os outros. Ao contrario da busca individual, que só cria ansiedade e incerteza, a aceitação de nossa fragilidade leva a humildade e paz de espirito, entendendo o próximo como a parte de você que de fato sobreviverá para contar história. Talvez por isso a solidão seja tão temida quanto a morte, são a mesma coisa na pratica..
Em vez de se preocupar com o tempo que lhe resta, use suas forças para fazer a diferença nas pessoas que te cercam. Pois os dias passam num segundo, e o provavelmente o lema mais apropriado para tudo valer a pena seja outro: Carpe Mundus.