quarta-feira, julho 18, 2012

Pro tempo engatinhar

Sou ansioso quanto a por em prática idéias e vontades. Daí que ver dá vontade de fazer, e muitas vezes me pego ouvindo música e planejando como vou fazer pra tocar daquele jeito. Nisso tenho que ficar lembrando, e quero que todos lembrem, que todas habilidades dependem de tempo e dedicação, E BOTA TEMPO NISSO. Realmente não é praticável conhecer vários assuntos ou ter várias habilidades ao mesmo tempo. Quando você treina só sua profissão você senta, estuda diariamente, e funciona, porque as profissões e especialidade estão razoavelmente divididas para o quanto se consegue dedicar de tempo àquele assunto. Ao passo que se você tenta melhorar mais de uma habilidade, dá de cara com o tempo.
2 horas de solfejo melhoram quanto sua técnica, pouco. 2 h por dia sim. 2h de exercicio não trazem saúde. 2h x 3-5 vezes por semana sim. Quantas horas pra ler um livro de cada autor essencial do seu trabalho? E de politica, e de filosofia? E se quiser relaxar e ler ficção, jogar videogame? Simplesmente não dá, mesmo se atendo somente a temas ESSENCIAIS.


Nossa sociedade nivelou cada atividade baseada em quanto um genio dedicado consegue maestra gastando a vida só naquilo. A questão não é se o violão é mais difícil que o piano. O melhor tocador de violão subiu a dificuldade tanto quanto a dificuldade do tocador de piano, mesmo produzindo melodia mais simples. O mesmo seria para um super tocador de apito, ou o melhor tirador de cara ou coroa. O LIMITE ESTÁ NA TÉCNICA ACEITA COMO BOA. E na era do Youtube, a referência é sempre o super asiático tocando Chopin a 150 bpm, ou Starcraft a 100 apm.
Tenho suspeita de que a difusão de belezas e talentos pela mídia seja culpada também por construir uma era da frustração e ansiedade, ou pior, uma era de HIPSTERS ALTERNATIVOS que nem tentam nada pois a Internet fez de todas virtudes TOO MAINSTREAM. Ao mesmo tempo que me lembro de que SER MEDIANO é bem menos frustrante, SER MEDIANO se perde no tempo, não inspira mudança e avanço (coisas que tanto prezo).
Algumas idéias:
- desenvolvo muito melhor praticando diariamente, com ritmo mantido e noites de descanso para raciocinar. Entretanto ha um tempo mínimo pra você esquentar o assunto e avançar na técnica, algumas horas. Já li um estudo de Neurologia em que mostraram que se grava muito mais informações aprendendo em blocos maiores de tempo em dias seguidos, do que uma vez por semana.
- desenvolvo muito mais rápido em atividades prazerosas, e após algumas horas perde-se o prazer no que está fazendo. Gosto de medicina, mas ao atender na mesma sentada o 50o paciente, odeio-a. Então há um conflito entre dedicar horas e manter a vontade.
- mesmo que otimize o método, não dá pra desenvolver muitas técnicas. Entre trabalho e hobby bem feitos, temos cidadãos alienados de todo o resto. Temos gente que faz música e não mais tem tempo de escutá-la, personal trainer que não tem tempo de se exercitar. Há escassez de tempo.

Pra retomar o tempo, vamos ter que mudar várias coisas:

Primeiro a jornada de trabalho, menor, pois já se produz mais do que se consome se não fosse o valor de troca artificial. (Acabei de ver preço de 10mil pra cremar um defunto, porra, deixa que eu tiro uma tarde e enterro.) Já foi estimado que no Brasil 25h semanais seria o suficiente para todos.


Segundo, diminuir o culto ao gênio. Eles têm seu mérito, mas o sonho do prêmio Nobel e o dinheiro de patentes claramente não justifica a competição, alienação e frustração disseminada, além da ineficiência científica de proteger segredos. Se 3 medíocres não conseguirem reproduzir o trabalho de um gênio, o ser humano está obsoleto, da-lhe inteligência artificial e eugenia. E isso ainda não aconteceu.


Terceiro, parar com a hipsteria, a AVERSÃO AO TALENTO MAINSTREAM. Não é porque você não alcança o range da Adele no chuveiro que você tem de ser fã da Amy Vodkahouse, muito menos cultuar indiepop de vocal de 2 notas. Não precisa tocar bateria só porque seu irmão ja toca violão. Não precisa torcer pro Boca só porque todo mundo se comoveu com o Corinthians. É uma PERDA DE TEMPO E TALENTO ficar nesta obrigação de ser especial, ser único. Isso é bobagem pregada aos jovens pra vender roupas desconfortáveis e empregos inúteis, é pseudo-liberdade de pensamento pregada pela MTV. ( defendo muito o direito à dissidência, mas isso não pode ser uma obrigação de ser "do contra", tem que ser caso a caso)


Quarto, começar a ponderar o que é livre arbítrio, e o que são atividades circulares viciantes, como campeonatos de futebol, novelas, 18a oitava temporada do mesmo seriado, final fantasy 40, gracinhas de Facebook. Quando uma balada toma 7h do seu Sábado e foi tudo mediano, e você volta na próxima semana, temos que medir o impacto disso.


E ETC..



Um comentário:

Débora disse...

Concordo. Somos nós que estamos acelerados. Ao que parece a partir da revolução industrial o tempo acelerou de maneira irritante. Time is money! Estamos insatisfeitos : o tempo passa e parece que nada aconteceu.

Quanto a obrigação de ser especial, ser único; o problema é dentro de qual contexto estamos procurando ser especiais.
Pertencer a algum meio ou grupos de hoje em dia conforta e atenua nossa solidão; porém, não nos dá destaque algum, nos tornamos mais um no meio de muitos, sem nada de especial. Nos nos sentimos pouco expressivos e ferindo assim a nossa vaidade - o que muito tem a ver com a sexualidade.

Observo pessoas que quebram as regras, que resolvem viver de acordo com suas ideologias- livres, leves e soltas ,se sentem superiores mas dificilmente suportam viver fora dos grupos por muito tempo.
Os mais carentes aceitam as imposições sociais mas se tornam obcecados em se destacarem, existe dois desejos,ser amparado e ser especial, quando o primeiro é suprido o outro torna o objetivo principal.
Logo o que acaba chamando a atenção é ter dinheiro, titulos e etc...
O jogo se torna gratificante a medida que conseguimos a todo momento satisfazer a nossa vaidade.

Estamos fazendo isso errado a medida que estamos questionando e avaliando o próximo , se você faz isso pode ser meu amigo ao contrario não.

O prazer é a inquestionável chave no aproveitamento do tempo.

Infelizmente criticas não mudam as coisas, eu mesma sofro preconceito ou rejeição por pessoas que pregram amor e igualdade. Pouco valoriza caracteristicas naturais, se torna inerte e justificam a rejeição com argumentos tipicos de elististas.

Estudo pouco tem a ver com titulos. Dinheiro não tem a ver com sucesso.

Continue escrevendo,eu ainda estou lendo.

Good.
Um beijo.