sexta-feira, junho 11, 2010

Nós que aqui estamos

Após mais uma tentativa de ler só material politico, me peguei lendo uma aventura de ficção nestas férias (A Estilha de Cristal). Ao começar tinha já o remorso de não estar consumindo nada util, nada que construisse minha argumentação para um mundo melhor. Foi uma aventura fantástica, com muito "near death experience" e sangue rolando. A narrativa é tão absorvente que o leitor se sente realmente a beira do fim em mais de uma ocasião. Tendo você escapado, milhares de companheiros não tiveram a mesma sorte, e tombaram, como diria o autor. Isso me fez colocar em perspectiva mais uma vez a fragalidade que é nossa vida, como tentamos fugir dessa realidade a todo custo, e como fazemos isso errado.
Morre-se facinho. Não se pode esquecer que mesmo com todas as politicas publicas de saúde, com repressão à violencia, airbags, antibioticos ou SAMU, mesmo com toda essa máquina de preservação, a vida se vai sem aviso. Ja vi vizinho que morreu de meningite em 1 dia, professor com cancer em meses. O noticiário (pare de assistí-los) sempre lembra: morreram tantos sem mais nem menos. Mas não queremos pensar nisso. Qualquer filme de drama nos assombra com ameaças de morte, é terrivel.
Acho que a opinião geral oscila entre não querer lidar com isso, seguindo as demais necessidades da vida (fome, contas a pagar), e lembrar da morte, momento apos o qual se passa algumas horas acreditando no Carpe Diem. De uma forma ou de outra, se fingindo de imortal ou desesperado, cada pessoa se individualiza, valorizando sua própria existência como se fosse tudo que lhe interessasse. Isso sim é muito triste. Pois ao erguer uma barreira entre sua vida e o mundo, se perde o mundo.
Ateu ou misticista, você deve perceber que tudo que fazemos e sabemos é graças à coletividade, intelectual e de ação, e que após nossa morte é este coletivo que permanece. Então que sentido há em lutar contra o fim por meio da individualidade, se esta ja o tem por certo? Não, para o resto do mundo não faz qualquer diferença se você aproveitou ou não o dia. Só sobrevive o que você deixa nos outros, constrói para os outros. Ao contrario da busca individual, que só cria ansiedade e incerteza, a aceitação de nossa fragilidade leva a humildade e paz de espirito, entendendo o próximo como a parte de você que de fato sobreviverá para contar história. Talvez por isso a solidão seja tão temida quanto a morte, são a mesma coisa na pratica..
Em vez de se preocupar com o tempo que lhe resta, use suas forças para fazer a diferença nas pessoas que te cercam. Pois os dias passam num segundo, e o provavelmente o lema mais apropriado para tudo valer a pena seja outro: Carpe Mundus.

Um comentário:

Murilo disse...

É por isso que as pessoal tem filhos. Para não mais serem sozinhas e para deixarem algo para o mundo. Elas nõ sabem disso, mas é por isso sim.

Aliás, leia os outros livros. Quando o drow reflete sobre religião é animal x]