
Lembrei de um debate em sala, sobre a medicina ser ou não uma ciencia exata. Ergui a mão e disse que ela será exata no futuro e poderá(deverá) ser feita por robôs. Ouço deboches até hoje.
-Mas, e o mistério do eu, a individualidade do paciente, a arte médica?- Diariamente ouço grandes médicos ressaltarem que condutas diferentes podem se pautar na experiência de cada profissional,mesmo sem evidência cientifica, pois cada caso é um caso e blablabla. Mesmo após anos de curso médico, a muitos colegas não fica claro esse pensamento secreto da classe médica. De que podemos ficar tranquilos e fazer raciocínio de tartaruga pois o corpo é muito complexo mesmo e as doenças estarão sempre aí. De que só precisamos manter o coleguismo e a força da profissão que ganharemos nosso dinheiro, acima de qualquer solucão, no questions asked.Me irrita ver até em aula de ética médica um velho beiçudo com cara de senador vir dizer que não se pode apontar erros nos atos de um colega, sob pena de processos legais por calúnia. O salto alto em que desfilam meus veteranos cria um abismo entre profissionais e clientes, entre solução e confusão. Idéias muitas vezes simples, como tapar um buraco ou alargar um tubo muscular, ficam de escanteio, enquanto um doutor mandão quer apenas que sigam suas ordens. O paciente, perdido, só vê os efeitos colaterais de tudo que é feito e cria-se o fantasma do eeerro méeedico, em cima da falsa esperança de cura mágica.
Desde o colegial, o estudo de Biologia-Física-Quimica versus Minha-Falta-de-Religiosidade me deram a concepção de que o ser vivo é um organizado químico com tamanho para fazer eventos macroscópicos, físicos. Seria então possível mapear e prever todos os acontecimentos do corpo humano, e seus defeitos. O problema é que isso é de uma complexidade ainda muito fora da nossa realidade, o que reitera a idéia de que nossos esforços seriam arte descompromissada. Mas isso não pode mais guiar a classe médica.


2 comentários:
esse é um pensamento incrível =) tenho orgulho do seu desprendimento. vc sabe que não vai acontecer na sua geração, mas almejar isso é alguma coisa que muda muitas outras. Parabéns Rá, legal mesmo.
Não entendo os que riram de vc, mas eu tb não frequentei as mesmas salas.
mas acho que algumas coisas nesse sentido podem ser feitas ainda na nossa geração, como um grande banco de dados, mundial, onde depois de cada consulta o médico colocasse o caso. sabe, uma wikipédia de doenças, ligada à rede, com crescimento exponencial.
e com bons meios de pesquisa. algo assim tiraria o glamour dos grandes e pomposos congressos.
Sabe Rá, talvez não se tenha a idéia de mecanizar isso um pouco porque não se interessam em fazê-lo. que é possível, em algum estágio o é!
boa sorte na sua luta, querido
orgulhão
Acredito, mesma coisa aqui.
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